O presente coletivo de pesquisadores entende a questão ambiental como expressão de conflitos entre diferentes formas de apropriação e uso da terra, das águas, do ar e dos sistemas vivos. Suas pesquisas têm por objeto os modos de uso dos territórios que, a partir da segunda metade do século XX, passaram a ser problematizados por seus efeitos danosos nas condições ecológicas necessárias a estes mesmos usos e aos usos de terceiros.
Não adotando uma divisão analítica estanque entre processos sociais e ambientais, o grupo discute os distintos modos como os grupos sociais afetam o meio ambiente e são desigualmente afetados pelos impactos ambientais dos projetos econômicos, das infraestruturas perigosas e dos desastres climáticos. Para proceder a uma análise crítica da lógica de desenvolvimento capitalista de tipo extrativo e gerador de desigualdades ambientais, são interrogados os fins para os quais as sociedades se apropriam da terra, do ar, das águas e dos sistemas vivos: para matar a fome e combater as desigualdades ou para concentrar a riqueza e fazer a guerra?
A questão ecológica que interessa a este coletivo de pesquisa – formado por professores, pesquisadores e estudantes da UFRJ, UFF, UFRRJ, UFRB e UFAL – é aquela que permite colocar na pauta pública uma discussão sobre os sentidos dos usos dos recursos do planeta, as formas sociais de sua apropriação, as dimensões políticas e econômicas da regulação destes usos, e os modos de vida a que eles servem. Atenção particular é dada às afinidades eletivas entre neoextrativismo e autoritarismo, observando os modos como o capitalismo extrativo favorece a disseminação de práticas autoritárias presentes tanto nas estratégias das grandes corporações como nas ações governamentais que resultam no comprometimento das condições de vida e trabalho de povos indígenas e tradicionais, pequenos produtores rurais, moradores de periferias urbanas e comunidades negras do campo e das cidades.